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Você não precisa ganhar mais, precisa gastar melhor

Você não precisa ganhar mais, precisa gastar melhor

18/04/2025 - 22:46
Matheus Moraes
Você não precisa ganhar mais, precisa gastar melhor

No cenário econômico do Brasil em 2025, muitos acreditam que a solução para os desafios financeiros está em aumentar a renda. Contudo, consciência financeira e planejamento demonstram que a verdadeira mudança vem de uma nova maneira de distribuir recursos. Este artigo apresenta uma reflexão profunda sobre as finanças públicas e pessoais, ressaltando práticas que podem promover estabilidade e segurança a longo prazo.

A armadilha do desejo de sempre “ganhar mais”

Desde famílias até governos, existe uma tendência natural de associar prosperidade ao aumento constante de receita. No entanto, esse pensamento pode levar a um ciclo vicioso: conforme se ganha mais, os gastos também se elevam, quase sempre acima do que o orçamento permite.

Quando deixamos de lado o controle efetivo dos gastos públicos e pessoais, obstáculos como déficits e endividamento se tornam inevitáveis. Entender essa armadilha é o primeiro passo para buscar soluções que vão além do simples incremento de renda.

Situação das Contas Públicas

Entre janeiro e 23 de abril de 2025, o Governo Federal arrecadou R$ 1,27 trilhão, mas gastou R$ 1,616 trilhão, gerando um déficit de aproximadamente 27% nesse período. A Dívida Bruta do Governo Geral alcançou 76,2% do PIB, totalizando R$ 9,2 trilhões em abril.

Para cumprir a meta fiscal, o governo anunciou contenção de R$ 31,3 bilhões no orçamento geral, mesmo com receitas em queda e despesas obrigatórias em alta. Esses números traduzem a urgência de alinhar receita e despesa de forma sustentável.

Por que só ganhar mais não resolve

O desequilíbrio das contas públicas reflete diretamente na vida dos cidadãos. O déficit externo acumulado nos 12 meses encerrados em maio de 2025 foi de US$ 69,4 bilhões (3,26% do PIB), enquanto o padrão de consumo elevado de brasileiros no exterior superou em mais de duas vezes o gasto de turistas estrangeiros no Brasil (R$ 27,7 bilhões versus R$ 13,5 bilhões no primeiro trimestre).

Esses indicadores mostram que sem gestão pública e privada eficiente, o simples aumento da renda gera apenas nova pressão orçamentária, sem resolver a raiz do problema.

O exemplo de Goiás: gestão eficiente

Enquanto o governo federal enfrentava déficits, o estado de Goiás arrecadou R$ 26 bilhões e gastou R$ 14,37 bilhões, utilizando apenas 55% do que angariou. Com esse excedente, criou um fundo de estabilização econômica equivalente a 1,5% do PIB estadual.

  • Prioridade a programas essenciais sem sacrificar investimentos em infraestrutura.
  • Corte de despesas supérfluas para manter fundo de estabilização econômica.
  • Monitoramento contínuo de receitas e despesas através de auditorias independentes.
  • Políticas de educação financeira para servidores e gestores locais.
  • Transparência nos relatórios para engajar a população.

Esse modelo provê segurança em períodos adversos e mostra que gastar melhor é uma estratégia eficaz para promover crescimento controlado.

Consumo consciente no dia a dia

O padrão de consumo elevado, especialmente em viagens internacionais e compras por impulso, contribui para o desequilíbrio das finanças individuais e nacionais. Reduzir gastos supérfluos libera recursos que podem ser direcionados a poupança, investimentos ou projetos prioritários.

  • Revisar assinaturas e serviços contratados para eliminar custos desnecessários.
  • Planejar viagens e compras grandes com antecedência, aproveitando descontos.
  • Optar por lazer local e sustentável, incentivando a economia regional.
  • Educar a família sobre valor real de cada aquisição.

Planejamento individual e familiar

Criar um orçamento claro e realista é o ponto de partida para qualquer transformação financeira. Separe despesas em categorias como necessidades, prioridades e desejos, e estabeleça limites mensais para cada uma.

  • Defina metas de curto, médio e longo prazo, incluindo reserva financeira para imprevistos.
  • Abra uma poupança ou fundo de emergência com prioridade mensal.
  • Invista em educação financeira, participando de cursos ou workshops.
  • Acompanhe regularmente extratos bancários e faturas para ajustar o plano.
  • Considere aplicações de baixo risco para diversificar reservas.

Conclusão: a transformação com gastos inteligentes

Os dados públicos deixam claro que, sem corte de gastos supérfluos e gestão eficiente dos recursos, não há aumento de receita que resolva o desequilíbrio orçamentário. Seja em Brasília ou no orçamento doméstico, a chave está em priorizar despesas, criar reservas e acompanhar de perto cada movimento financeiro.

Seguindo exemplos de sucesso como o de Goiás, podemos construir uma trajetória de promove segurança financeira de longo prazo e garantir que cada real seja aplicado de maneira consciente e estratégica. Afinal, gastar melhor transforma mais do que simplesmente ganhar mais.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

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